Depois da peste (covid), surge agora outra história difícil que os pais estão a ser obrigados a contar às crianças: a Guerra.
Ninguém consegue adormecer embalado nos monstros que nos levam o sono. As notícias, as imagens [profundamente tristes] e as conversas sobre o tema estão por todo o lado. As crianças e os jovens perguntam-se e perguntam sobre o que significam. Os adultos questionam-se sobre o que lhes dizer e como comunicar acerca do assunto.
A guerra pode afetar profundamente as crianças/jovens – a forma como pensam e sentem. Mesmo quando acontece a milhares de quilómetros de distância, pode colocar em causa a sua necessidade de ver o mundo como um lugar seguro e previsível.
Os Pais desejam protegê-los, mas simultaneamente encorajá-los a serem curiosos e experienciarem o mundo. Queremos que valorizem formas pacíficas de resolver os problemas e os conflitos e que descubram o que podem fazer para ajudar a transformar o mundo num lugar melhor.
Como pais, é essencial disponibilizarmo-nos para escutar as suas preocupações, conversar e responder às suas questões.
Mas atenção… Se crianças mais pequenas não se mostrarem interessadas em conversar sobre guerra, não há necessidade de contar estas histórias! Sobretudo as crianças mais novas não devem ser forçadas a tomar consciência sobre a existência de uma guerra, caso entendamos possível que não acedam a essa realidade de outra forma. No caso das crianças que não queiram conversar sobre o assunto, é importante mostrar que estará sempre disponível para o fazer, se ela/ele assim o desejar… mas ouvir e atentar às brincadeiras mais silenciosas.
Além de escutar e responder, adaptando o discurso ás diferentes idades, o que podemos fazer/dizer como pais? A impotência enorme que temos experimentando no último mês eleva-nos a reflexão [e a gratidão de estarmos aqui em paz]. A verdade, é que tudo começa, precisamente aqui, dentro da nossa própria CASA/ na nossa família! Dizer o que pensamos, o que sentimos, o que precisamos, sem sermos julgados ou castigados por isso! Comunicar emoções [o não dito] é as vezes mais importante que o dito. Dar espaço para que se liberte a tristeza, a raiva e a fúria. Tornar o diálogo um colo para combater o medo.
A história da Guerra, poder ser um excelente capítulo para educar para [Paz] .
A Paz que que começa aqui, dentro das nossas Casas - com as nossas crianças
[e com os pais que crescem em Paz com elas].
Autoria
Francisca Silva Ferreira
Psicóloga da Infância Fundadora da CASA- Núcleo Psicologia, Educação e Desenvolvimento